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março 05, 2010

FRAGMENTÁLIA - A Genitália do Fragmento [Coluna do blogue DE CHALEIRA]

FRAGMENTO TEÓRICO I
Por Marco A. de Araújo Bueno


Prezados Senhores: Universidade Harvard, Camdridge, Mass, conferências Norton, ano letivo de 1985-1986, em meio às considerações sobre a rapidez, Ítalo Calvino refere-se a Borges e Bioy Casares, assim: - “(...) organizaram uma antologia de Histórias breves e extraordinárias. De minha parte, gostaria de organizar uma coleção de histórias de uma só frase, ou de uma linha apenas, se possível. Mas até agora não encontrei nenhuma que supere a do escritor guatemalteco Augusto Monterroso: Cuando despertó, el dinosaurio todavía estaba allí [Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá]”. Eram as “Seis propostas para o novo milênio”, das quais, a última, Calvino levou consigo; sua morte interrompera conjecturas preciosas sobre a narrativa. Um limite, limite que excitaria a imaginação de escritores e leitores, estes seres que protagonizam a angústia da escrita (face às escolhas a que os obriga) ou a ela submetem-se de alguma forma (face à interpelação suscitada) neste peculiar processo de abertura ao infinito das imaginações.Todo este processo, tributário das condições basilares da existência do animal da fala: sua finitude e sua inserção nos “bosques da ficção” no caso e no reino do simbólico, no geral. A propósito, com esta metáfora do bosque, Umberto Eco intitula suas seis conferências de Norton, ano letivo de 1994, recobrindo a “literatura-bosque”, a homenagem ao amigo falecido e a questão, aqui fundamental, da presença do leitor na história narrada. Trata-se, portanto, aqui, de um estudo que tematiza o efeito da escrita, muito especialmente, de uma modalidade de escrita – a interrompida, esta que é deliberadamente sustada para suscitar um efeito no leitor. Epifania - assim tratarei da idéia de efeito; narrativas monofrásicas tecidas com dez palavras - assim consignarei metodologicamente, a guisa de ilustração das possibilidades de tessitura de peças narrativas brevíssimas, o desejo expresso por Calvino, no bojo da hipermodernidade, tal como a descreve o filósofo francês Gilles Lipovetsky; em pleno novo milênio. Calvino dizia que sua obra “(...) se compõe em sua maior parte de short stories”; segundo ele, questão de “temperamento” pessoal. Há, quanto à extensão, evidências de que a prosa literária vem rendendo-se a um processo de redução formal ao longo do tempo. Neste início de milênio o termo usado por Calvino para definir sua predileção pela brevidade não se aplica ao seu próprio “As Cidades Invisíveis”, com a mesma concepção com que se aplica à idéia de conto. E ainda que brotado no século XIX, com certidão de nascimento estadunidense, traz consigo um entusiasta defensor, prescritivo, já em 1847(escrevendo sobre os contos de N. Hawtorne) de cânones que rejeitam o “juízo nefasto de que a simples extensão de uma obra deva pesar na estimação de seus méritos”. Seu nome – Edgar Allan Poe; Suas propostas ponderavam a ‘aparição’ das revistas, dos jornais, a dimensionarem a percepção literária face ao progresso dos novos tempos. O presente estudo o convoca, oportunamente.
Até o próximo domingo;

DROPS TEÓRICOS : "UNO DECÁLOGO"

Por ( pequeno suspense metodológico...)

En el “Decálogo del escritor” de Monterroso, incluido en su libro Lo demás es silencio (1978), se reconoce la referencia metatextual del Decálogo del perfecto cuentista de Horacio Quiroga (1925), y la referencia architextual de los doce mandamientos de la Ley de Dios. A toda esta fábrica de intertextualidades se suman “Los diez mandamientos del escritor”, microcuento del uruguayo Fernando Aínsa. {De livro e autor que oportunamente citerei; sintam um pouco da rarefação teórica sobre o gênero. Menos é mais, mais ralação!}


1.-Te amarás a ti mismo sobre todas las cosas.
(Amarás a si mesmo acima de todas as coisas.)

2.- No mencionarás el nombre de Borges en vano.
(Não mencionarás o nome de Borges em vão.)

3.- Seis días descansarás y uno escribirás.
(Seis dias descansarás e um escreverás.)

4.- Te inventarás tu propia filiación literaria.
(Inventarás sua própria filiação literária.)

5.- Si cometes parricidio generacional, será con pudor y disimulo.
(Se cometer parricídio generacional, será com pudor e disfarse.)

6.- No seducirás a la poetisa en busca de prólogo.
(Não seduzirás a poetisa em busca de prólogo.)

7.- No robarás las metáforas del poeta inédito.
(Não roubarás as metáforas do poeta inédito.)
8.- No llamarás palimpsesto intertextual a la simple copia banal.
(Não chamarás de palimpsesto intertextual a simples cópia banal.)

9.- No desearás el éxito de ventas del prójimo escritor.
(Não desejarás o sucesso de vendas de escritor algum.)

10.- No eliminarás las comillas de las citas ajenas.
(Não eliminarás as aspas das citações alheias.)

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