PROSÓDIAS

FACEBOOK

FESTINA LENTE PELO MUNDO

Map

BO ! (aramaico)

janeiro 17, 2009

Matéria sobre o PORTAL NEUROMANCER* na RAC-16/01/09



Eis o link para a minha entrevista para Nice Bulhões (da Gazeta do Cambuí). Por falta de espaço (ou homenagem ao compulsivo apostador russo F. Dostoiévski, já que o espaço foi ocupado por propanda do Jockey Club...)a referência onde se lê "vela quadro", que remeteria aos links todos que levam às resenhas críticas, considerações teóricas e às narrativas publicadas e seus respectivos autores, pode ser desconsiderada. Aqui no Festina, o link para o blog que o colega e autor mineiro Rogers Silva abriu para a Neuromancer cobrirá essa lacuna. Agradeço o empenho da redatora Janete Trevisani e a competência da repórter Nice Bulhões. Para visualização ampliada da capa da Neuromancer, a foto do também competente Gustavo:


6 comentários:

Marco Antônio de Araújo Bueno disse...

Link para votação dessa matéria no Portal Literal:
http://www.portalliteral.com.br/artigos/do-diva-para-a-literatura-link-para-materia-publicada-pela-rac-pneuromancer

Anônimo disse...

Eu tentei, mas não consegui abrir o link da entrevista, pode me mandar por e-mail, please!
Abraço.

Marco Antônio de Araújo Bueno disse...

[TEOR DA MATÉRIA, pelo meu "ALERTAS DO GOOGLE"]:

Capa | Voltar


Matéria da edição de 2009-01-16.

Lacaniano mergulha na ficção científica

Psicanalista usa palavras já existentes no vocabulário para dar sentido a outras em contos breves de sci fi
NICE BULHÕES
nice@rac.com.br

O velho ºªCidart vivia em uma escotilha pressurizada. O ºª — letras "o" e "a" miúdas e no alto — é de pronúncia seca. Lido de trás para frente, o nome inteiro se transforma na palavra tradição. O nome é de um velho que povoa o conto breve O Pacote, no gênero sci fi (ficção científica), que faz parte de um editorial coletivo do segundo número do Projeto Portal — o Portal Neuromancer. O autor, o psicanalista lacaniano Marco Antonio de Araújo Bueno, que fez 52 anos no último dia 3, é um dos 12 contistas da revista, destinada ao segmento de aficionados por sci fi, docentes e formadores de opinião. Mas os contos de Bueno, morador do Cambuí, estão na Internet (veja quadro).

Dos quatro contos breves no gênero sci fi de Bueno, publicados no Portal Neuromancer — cujo título homenageia William Gibson por sua obra de mesmo nome que introduziu o conceito de ciberespaço, termo este que se popularizou e passou a ser utilizado como sinônimo de internet — dois deles são de extração onírica: Processador Central e Sobre a Explosão na E.H.M. — Desdobramentos. Neste último conto, que faz alusão metafórica ao sistema universitário (comparado a um feudo decadente), Bueno se utiliza de palavras já existentes no vocabulário para dar sentido a outras, como caixilho básico para laptop e osteoporose pragmática para o que chama de “ossatura conceitual carcomida pela porosidade das investidas multidisciplinares da época”. Outro exemplo é a sigla “P^p” que significaria no século II do conto as “psiquiatrizações classificatórias pós-cartolagem laboratorial”.

Imagens

A importância dos sonhos na vida de Bueno está ligada intimamente a sua formação profissional. Afinal de contas, como todo psicanalista lacaniano, acredita no significado dos sonhos. Por isso, há 30 anos anota os acontecimentos de seu mundo onírico. “Faço isso para que os sonhos não escapem pelo ralo do esquecimento. O sonho é uma matriz que funciona como um mote imagético, já que traz uma historieta pronta”. E, como disse Ítalo Calvino (1900:107-8): “Estamos correndo o perigo de perder uma capacidade humana fundamental: a capacidade de pôr em foco visões de olhos fechados, de fazer brotar cores e formas de um alinhamento de caracteres alfabéticos negros sobre uma página branca, de pensar por imagens”. A presença das imagens no que se pretende narrar se torna fundamental, o que é extensivo a Bueno.

“E, tem coisa mais pregnante do que um sonho, uma produção do próprio inconsciente?”, diz Bueno. E não só isso, os lacanianos, que propõem um retorno à psicanálise de Sigmund Freud, entendem o inconsciente com os instrumentos da lingüística, com a ideia de estrutura, mais tarde relativizada por Lacan com os aportes da filosofia e outros conceitos mais elaborados. Afinal de contas, Jacques Lacan utilizou-se da linguística de Ferdinand de Saussure (e posteriormente de Roman Jakobson e Émile Benveniste) e da antropologia estrutural de Claude Lévi-Strauss.

O gosto pela escrita faz parte da vida de Bueno desde a juventude. Aos 17 anos, passou a fazer poesias que eram publicadas em jornais locais, como o Correio Popular. Sua veia literária teve certa influência do pai, Rafael Mila Bueno, que faleceu em 96. Apesar da formação em Direito, era colaborador de jornais. “Meu pai tinha ótima retórica jurídica. O Lacan valia-se de uma escrita barroca, preciosista e vocabulário rebuscado. No Lacan, o hermetismo é proposital, mas certamente esse duplo parâmetro estilístico influenciou a minha escrita”. Assina hoje a coluna Cotidiano da revista Showroom.

Para não extrapolar na extensão do texto, já que produz contos breves, Bueno usa de antídoto o estudo que fez de micronarrativa e epifania em seu doutorado na Unicamp, onde potencializa a concisão como um convite à co-autoria do leitor. Com relação às extrações oníricas, também buscou relatos oníricos de autores fundantes da modernidade, como de Franz Kafka, um dos maiores escritores de ficção da língua alemã do século XX e que usava os sonhos como instrumento de criação literária. A experimentação, o inusual, o estranho, são características predominantes dos textos de Bueno, como A Fila, que também faz parte da revista. Os textos do Portal Neuromancer põem fim aos convencionalismos típicos da literatura mainstream (comum ou usual)

Renovação da linguagem

A revista Portal Neuromancer é um movimento na perspectiva de renovação da linguagem. A iniciativa é do escritor e ensaísta Nelson de Oliveira, cuja ideia remonta à correspondência entre Mário de Andrade e Carlos Drummond, em que o primeiro propõe a criação de uma revista literária não apenas com os modernistas, mas mesclada com a literatura convencional da época. É o segundo número. O projeto prevê seis números, com periodicidade semestral. A ideia é fazer sempre uma homenagem a uma obra clássica do gênero: Solaris, Neuromancer, Stalker, Fundação, 2001 e Fahrenheit. O resultado é surpreendente. Os contos vão do universo da ficção científica e do fantástico, passando pelo da fantasia.

São dezessete narrativas, sobre novas tecnologias, viagens no tempo, ciberespaço, telepatia, pós-apocalipse, pós-humano, utopias e distopias, de 12 autores contemporâneos de sete Estados brasileiros. Entre eles está Roberto de Sousa Causo, um escritor nacional premiado. Ele é autor da noveleta Patrulha para o desconhecido e teve o seu livro Antologias de Contos de Ficção Científica adotado pelo Ministério da Educação (MEC), segundo Bueno. Os dois participam este mês de uma palestra na Livraria Cultura sobre a relação entre sci fi e outro gêneros literários, bem como sobre a experiência coletiva de se resgatar a ambiência dos antigos fanzines via revigoramento e experimentalismo da linguagem. A data ainda está para ser definida.

Outro que faz parte da coletânea é Fábio Fernandes, o mais recente tradutor de Laranja Mecânica (AClockwork Orange, 1962). O livro, que virou filme, é de John Anthony Burgess. Fernandes debruçou-se oito meses para traduzir o livro, onde, além de Burgess escrever em inglês altamente sofisticado, criou um dialeto próprio, não havendo nada parecido na língua inglesa. Nadsat, que é a transliteração do russo para teen, seria o "inglês" com gírias russas falado por jovens do subúrbio da Londres de Burgess, projetada num futuro indefinido. O psicanalista lacaniano foi influenciado por Jorge Luís Borges e Gabriel García Márquez.





Capa | Voltar | Topo



Resolução mínima de 800x600 © Copyright 1996 - 2003, Gazeta do Cambuí.Rede Anhangüera de Comunicação - RAC. Contato Comercial: (19) 3736-3085 / 3046.

{Repórter: Nice Bulhões, edição de Janete trevisani e fotos de Gustavo}

Pedro B. M. Serrano disse...

Muito boa a matéria. É animador saber que assuntos como a literatura (mais especificamente a inovação na literatura, com a Revista Neuromancer)têm espaço na Gazeta do Cambuí. Sabendo também que esta, agora, é distribuida via Correio Popular, sua divulgação é ainda mais ampla, o que é bom.

respondendo ao pedido do "anônimo" acima, deixo o link da matéria online http://www.gazetadocambui.com.br/mostra_noticia.asp?noticia=1615686

entrando somente em http://www.gazetadocambui.com.br
tem-se a capa da última edição, que traz a foto de Marco com o título: "Do divã para a literatura".

Pedro B. M. Serrano disse...

Muito boa a matéria. É animador saber que assuntos como a literatura (mais especificamente a inovação na literatura, com a Revista Neuromancer)têm espaço na Gazeta do Cambuí. Sabendo também que esta, agora, é distribuida via Correio Popular, sua divulgação é ainda mais ampla, o que é bom.

respondendo ao pedido do "anônimo" acima, deixo o link da matéria online http://www.gazetadocambui.com.br/mostra_noticia.asp?noticia=1615686

entrando somente em http://www.gazetadocambui.com.br
tem-se a capa da última edição, que traz a foto de Marco com o título: "Do divã para a literatura".

Marco Antônio de Araújo Bueno disse...

Pai,
Gostei muito da matéria!!!
Ela conseguiu contar um pouco da sua "história", e te valorizou...
Até citou o vovô, lembrando a sua importância para a literatura!!!
Tenho orgulho de você e da nossa familia!!!
Manda um beijo para a vovó.
Te amo



Bjo Rodrigo