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julho 04, 2019
O GRITO NA ALMA DO SILÊNCIO_ensaio breve
O grito na alma do silêncio
Texto por: Marco Antônio de Araújo Bueno
Pesquisa: Grisele Morantt
Pesquisa: Grisele Morantt
A pedofilia
é um fenômeno tanto universal quanto histórico. Na Grécia antiga, por exemplo iniciavam-se os
efebos, meninos, submetendo-os à penetração pelos seus preceptores, seus mestres.
Muito embora
o Tabu do Incesto seja um fenômeno simultaneamente cultural e natural
(observado em todas as culturas e interditado variamente nestas culturas), a
pobreza material e as condições precárias das habitações instauram os abusos
dentro das famílias nucleares (vide "Sexo e Temperamento" da
antropóloga Margareth Mead). Nas classes A e B não é diferente, por razões mais
sutis.
Aquele que
abusa sabe, de alguma forma, poder contar com a cumplicidade silenciosa do
abusado, face ao constrangimento de seu super-eu e ao temor, fantasioso ou
real, de ter contribuído ou facilitado
fantasiosamente com as investidas do abusador; também pelo medo de ser
castigado ou até mesmo rejeitado pelo adulto mais velho de voz social mais
ativa.
Em
consequência, o abusado recalca sua vergonha, fadada, com frequência, ao que
Freud chamava Compulsão a Repetição. Vale dizer: o abusado reedita a cena do
abuso para poder elabora-la ou torná-la "ego”- sintônica.
São comuns
os sintomas: anorexia/ bulimia
(associada à figura paterna, via de regra), enurese noturna, fobias
generalizadas e "timidez" ou introversão exagerados.
A superexposição
visual a pornografia e à nudez associada ao contexto sexual favorecem a
aceitação do abuso em situações de baixa autoestima. Uma criança "intui” à
maneira dela, que há ‘algo de errado’(R. Laing) nas investidas/ aceitações de bolinação
e, mais tarde na vida, tente a ressignificá-las como colorido emocional herdeiro
do sentimento de culpa.
Crianças
são, conforme escrevia Freud diante da rígida moral Vitoriana, seres
sexualizados em sentido amplo ( as fases "oral, anal, uretral” etc. de seu
desenvolvimento psicológico) mas, apenas quando transpõe o que herdou do
complexo de Édipo, ou seja da relação triangular com os pais, conseguem
atribuir significação aos afagos e carícias que caracterizam os abusos. E esse
sutil ‘dar-se conta’ permanece recoberto por sentimentos de raiva, medo, nojo,
até encontrarem uma escuta profissional que lhes ofereçam amparo e reconstrução
simbólica pertinente.
A
precocidade com que acedem a intimidades, visualidades e discursos é um traço
da hipermodernidade, escreve Gilles Lepovitsky (As pulsões (equivalentes
simbólicos dos instintos animais) percorrem um caminho natural no
desenvolvimento da libido ou sexualidade infantil. Quando precipitadas ou
aguçadas precocemente, porém, desencadeiam feridas profundas no aparelho
psíquico ou na alma das pessoas que foram objeto de abusos.
E é dessa
matriz erótica que se deriva as dores morais e os padrões de repetição que
marcarão a vida adulta de maneira indelével.
Abaixo
alguns depoimentos coletados nos comentários do filme “O silêncio de Melinda”
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