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outubro 30, 2007

Minha estréia no www.cronopios.com.br_30/Out/07

Navalha na Tarde



O psicanalista e escritor Marco Antônio de Araújo Bueno estréia no Cronópios. Vale conferir.

outubro 19, 2007

COMUNICADO ÀS EDITORAS

COMUNICADO ÀS EDITORAS

Vide meu cadastro no www.mesadoeditor.com.br (aberto a todos)onde se encontram
trinta e três textos de minha autoria (protegidos pela "Creative Commmons"- em Direitos autorais). Tais textos constam distribuídos por mais de uma dezena de gêneros, dos ficcionais (poesia, contos, microcontos, sonetos, acrósticos)ao acadêmico (ensaios, artigos, crítcas literárias, pareceres), passando pelas peças epistolares (cartas-ficcionais ou não), reflexões, et. Estarão dispostos nessa base de dados até Abril de 2008.
Meu e-mail principal: araujobuenopsi@gmail.com - Campinas-SP

"Gagueira Fundamental"

“Gagueira Fundamental”

Por Marco Antônio de Araújo Bueno

A expressão não é minha, pertence ao G. Deleuze, filósofo contemporâneo que bate duro contra os conformismos conceituais e fustiga as bizarrices desta nossa hipermodernidade tão tagarela, tão exuberante em respostas pra tudo e tão... lacunar. Lacunas abissais de sentido, no jeito de consumir e expressar idéias e afetos. Gagueira, aqui, não é coisa de fono nem de generalismos psicológicos. É atitude! Forma de resistência contra a fluência domesticada. E foi outro filósofo de prenome abreviado “G”, outro Gilles, o Lipovetsky, quem cunhou “hipermodernidade” bem a propósito de uma analogia com hipermercado...
Não é minha, mas me pertence por dois motivos. Primeiro, eu a adotei, e só não a tenho praticado pra fazer compra básica, ir ao banco ou abastecer o carro, coisas que não me tomam muito tempo. Segundo motivo: estou ficando gago, cada vez mais gago, e de propósito!
O pano de fundo da resistência proposta por G.Deleuze é a obra de arte, e ele vai fundo na postura de transgressão, que constitui a potência que a demarca, na linha direta de Nietzsche. Pega o “ponto G”, pra não perder nem o trocadilho nem a alusão a uma espécie de orgasmo do sentido, embutida em seus “agenciamentos” filosóficos. Para o que me interessa aqui, o contexto é a comunicação, e a postura (esqueçam “atitude”, palavrinha já reabsorvida e estéril) é a de emancipação. De quê? Do tédio, no mínimo. Ou, pra ficar mais elegante, da colonização dos meus atos de fala, por uma espécie de eloqüência pré-editada, essa que me obriga a dizer conforme. Tirante as saudações (Alô! Bom dia!, Belê?) e a burocracia dos formulários verbais, considero um delito grave preencher silêncios com a verborragia prescrita pela cartilha do papo-jacaré, contra a fobia do não ter o que dizer. Pois é prescrição mesmo, com poderes de regulamentação do ritmo, da velocidade, da adequação às circunstâncias e, pior...do que deixa de ser falado pelo fluxo da própria falação.
Falar pra manter-se incomunicável, já que, tamanha é a excessividade de tudo, que a própria ameaça de silêncio... conspira. A gente passa um rodo nos fragmentos de informação do dia, retira-lhes qualquer contexto, separa tudo em bloquinhos e gruda neles alguns adesivos ou ícones, como rótulos bem práticos. Agora é só esperar uma sinalização, uma ameaça de conversa e pronto, o “kit blábláblá” estará operante. Contemplamos pouco, refletimos menos ainda. E falamos pelos cotovelos. Incomunicabilidade - palavrão, pois sim, hiperpalavra pra palavra pouca.
Estamos vivendo rente ao fantasma dos fatos; os fatos perdendo sua carga de significação para as imagens e estas, pulverizando-se, substituindo-se umas às outras, viram borrões isolados. Para nos orientarmos, apontamos para borrões e emitimos ruídos. Quando decodificados, temos a ilusão do diálogo, da troca simbólica. Na verdade, permanecemos mudos.
Pois estou me desobrigando de responder a esse padrão de mutismo ruidoso. E apresento-lhes esse meu “des-falar”, sob a forma de uma gagueira subversiva. Como funciona?
Bem, de cara é necessário uma não aceitação fundamental: a de submeter o que há de singular em mim (dimensão estética) e de outrem (dimensão ética) ao idêntico. Não se trata apenas de “respeitar” a diferença, é preciso trazê-la à visibilidade escancarada, cutucá-la com a vara curta do silêncio, das pausas longas, da recusa ao tatibitate marmanjo habitual. Isto é gagueira.
Ao contrário do que se pensa, os vacilos verbais recheados de gíria e outras embreagens coloquiais (dos muito jovens, por exemplo), a titubeante falsa modéstia dos “operários-padrão” da linguagem dominante (das celebridades sob holofotes, por exemplo) e outros estereótipos da má fluência ensaiada (do pseudodiscurso acadêmico dos economistas, da pseudo-religiosidade dos vigaristas do ramo da fé, da indignada “moralidade” de políticos golpistas-o “exemplo”, por excelência...), nada disso é, aqui, o que chamo de gagueira. É tudo jogo de cena ou malvadeza retórica. Comparados às esquisitices de linguagem que brotam nas salas de bate-papo, estas lhes superam em riqueza pura, verdadeiros diamantes do tesouro da Língua, e ponto.
Só pra ilustrar a idéia dessa gagueira, imaginem o Pivô, o competente entrevistador da TV francesa (separando bem o Jô... do trigo), todo hiperbólico e loquaz entrevistando uma conhecida escritora. Ele esperneia palavras, pergunta o imperguntável, abusa do lugar-comum, vertiginosamente palavroso. Ela (incomum, singular, reflexiva) subverte o tempo televisivo, comete longas pausas, pensa longo e responde curto, reticente. Questiona-se vagarosa e docemente, repete finais de frases, incorpora e sustenta a fragilidade do dizer, silenciando a platéia. E Pivô? Pouco riso e muito siso.
Responder questionando-se a si próprio no outro, eis uma nobre estratégia de gagueira. Uma “nanoprofilaxia” contra os microtraumatismos de todo falar esvaziado. Gagueira.
Dizem que é coisa de analista. Concordam com isto? Faz mal bater um papo assim aflito com alguém? Aflita, Hilda Hilst confidenciou-me certa vez (se é que faz sentido juntar confidência com Hilda Hilst...) que um escritor não deveria dar entrevista: “(...) é muito difícil pra mim... falar, falar das coisas que não se esgotaram no escrito (...) falar de mim, que escreve...”.
Inventaram um guarda-chuva que avisa quando vai chover! E se não chover? Você o carrega fechado, claro, até ele avisar. Então você o abre até que pare de chover e depois o fecha quando a chuva parar, embora ele não avise que a chuva parou. “Será que vai chover?” Já dizia Herbert Viana - o compositor, e emendava: - “Eu acho que vai chover”.A música falava da mulher que “despistava” o tempo todo, diante de um cara carente de atenção. E a gente anda carente de inventividade. Gaguejar é resistir, deixar pistas de si pelos cotovelos e descobrir toda a carência sob guarda-chuvas que não avisam nada, e vivem esquecidos pelos cantos.

outubro 10, 2007

"Resistência Estética"_ Microconto 05 (republicação)

Resistência Estética"_Micro Conto 05

"Resistência Estética"
Por Marco Antônio de Araújo Bueno

"Vamos deslindar este drama?" Não, bradou ao analista-" Perecerá lindo".


{Parâmetro de dez palavras}

outubro 05, 2007

Microconto 14: "Desertor no Deserto"- Partes I e II_ Inspirado do filme"Paradise Now", de Hany Abu-Assad, 2005

14. “Desertor no Deserto” -PARTE I


Doze anos, palestino fronteiriço, dois de treino. Paramentou-se: explosivos, celular...


“Desertor no Deserto” – PARTE II

Ao toque, sacou dispositivo junto. Sucumbiu; deserto. Tel-Aviv/paraíso - Doze km!